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1 23/10/2019 11:06

Atitudes patéticas cometem os governos da Bahia e de Ilhéus ao anunciarem a construção de um novo presídio no município de Ilhéus, o que demonstra a falta de competência para gerir assuntos nem tão complicados. Inicialmente, o local definido foi próximo à BA-262, rodovia que liga Ilhéus a Uruçuca e onde o próprio Governo do Estado da Bahia desenvolve o projeto turístico Estrada do Chocolate.

Com os protestos dos investidores interessados em participar dessa nova ação turística importante para o Sul da Bahia, eis que a Prefeitura de Ilhéus e o Governo do Estado, de forma atabalhoada, anunciam um novo local: às proximidades na BR-415, a Rodovia Jorge Amado, uma “avenida” que liga Ilhéus a Itabuna. Nada mais impróprio para a escolha tão burlesca para a localização.

Antes de entrar no mérito da questão, minha humilde mas acertada indicação aos tão perdidos governantes é que “baixem a bola” e procurem quem realmente conhece do riscado para localizar o novo conjunto penal. E eles sabem muito bem de quem estou falando: do vice-prefeito de Ilhéus, José Nazal, um estudioso da região, notadamente de Ilhéus, que conhece todas as nuances do “território ilheense”.

Lembro que até há bem pouco tempo, sempre que o Governo do Estado pretendia implantar um equipamento público num dos seus municípios, enviava seus técnicos à Prefeitura para a escolha de um local adequado. E não se tratava de simples deferência e sim de uma série de informações, que iam desde a logística, a propriedade, a conveniência e o planejamento socioeconômico da área.

No município de Ilhéus, o técnico que sempre foi consultado – de forma acertada – foi justamente José Nazal, profundo conhecedor do município de Ilhéus, não por ouvir dizer, mas por conhecer, in loco, toda a área. É José Nazal que tem trabalhado em parceria com o pessoal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos recenseamentos, junto com a equipe dos Correios na localização e dos logradouros públicos e por aí afora.

Mesmo com suas divergências em relação à administração do prefeito Mário Alexandre, asseguro que José Nazal não se eximiria de sua condição de cidadão ilheense, nesse mister, ainda mais na condição de vice-prefeito. Em outras palavras, não importa as diferenças pessoais ou políticas quando o assunto é o investimento do dinheiro público, que tem que ser usado com todos os critérios e imparcialidade.

Mas ainda está em tempo de as autoridades estaduais e municipais reconhecerem a falha até aqui cometida e prospectarem uma área adequada e segura para a construção do novo estabelecimento penal. No município de Ilhéus, o que não falta são áreas com as características pretendidas para a localização de um empreendimento desse porte, fora do zoneamento turístico e de tecnologia do conhecimento.

Tenho a convicção que mesmo numa conversa preliminar entre os técnicos governamentais e o vice-prefeito Nazal, alguns locais com as características desejadas deverão ser apresentados. Mesmo sabendo dos meus parcos conhecimentos sobre o tema, acredito que os novos locais serão mais convenientes e, por certo, menos recursos deverão ser utilizados na desapropriação da área e obras de segurança.

De minha parte – perdoe-me os entendidos no assunto –, não consigo entender como técnicos podem conceber tal projeto e ainda “vendê-los” a um prefeito e um governador, por ser tão descabido. Não quero fazer prejulgamentos, mas existe algo de errado nessas escolhas, que mais se parece com um jabuti em cima de um poste. Ele está lá, mas não se sabe quem o colocou lá, pois de motu próprio é que não foi.

Me recuso a aceitar qualquer tipo de tese estapafúrdia ou conspiratória que a construção do estabelecimento penal nessas áreas anunciadas seria uma simples falta de conhecimento técnico. Também não cabe elucubrações de que não existiria local apropriado, muito menos de que as atividades turísticas, de comércio e produção de conhecimento conviveriam perfeitamente como vizinhos civilizados.

A construção de um estabelecimento prisional nas imediações da BA-262 (Ilhéus-Uruçuca) e da BR-415 (Ilhéus-Itabuna) cairia com uma bomba atômica nos investimentos que estão sendo feitos nesses locais, com prejuízos irreversíveis. Está mais do que provado que os dois locais escolhidos – indevidamente – se transformarão em um grande conglomerado urbano em menos de cinco anos.

A poderosa mão do Estado pode e deve escolher um local diferente dos anunciados, para não incorrer em mais erro administrativo, daquele que o suado cidadão contribuinte é obrigado a pagar duas vezes. Financia a construção em lugar indevido, que será abandonado em seguida, enquanto busca-se outro local para a construção de um novo, sobrando nesta operação um famoso “elefante branco”.

Como os governos não produzem, só gastam, os contribuintes deixam de ganhar os investimentos em equipamentos de educação, saúde e outros serviços essenciais à desprovida população. Enquanto isso, os que produzem riquezas – a iniciativa privada – tomarão prejuízos irreversíveis com as atitudes mal pensadas e executadas dos governos, em que seus governantes sequer são responsabilizados.

Se pode fazer bem-feito, então faça.

*Radialista, jornalista e advogado


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 Penso Assim - por Walmir Rosário 






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