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1 20/11/2017 20:48

Estamos sendo constantemente alertados para o fim do mundo e não levamos a sério, embora os sinais são mostrados a nós todos os dias pelos cientistas nos diversos meios de comunicação. Sei que não devemos levar todos esses conselhos (ou afirmações?) ao pé da letra, pois também existe muito entusiasmo nos estudos científicos, que deixam a razão para serem tomados de emoção.

Aqui também não vou levar a sério os sinais dos tempos ditos nos livros religiosos, inclusive a Bíblia, e repetidamente divulgados pelos pastores e profetas apocalíticos, que anunciam o fim do mundo. Eu mesmo já me preparei para alguns, inclusive um que prometia banir da face da terra não só nós humildes pecadores, mas todos os animais, vegetais e até mesmo os computadores.

O fim do mundo não veio e nossos falsos profetas já começaram a anunciar uma nova época, como se os desígnios do Pai Eterno dependesse de data para ser consumado, como a estreia de uma peça de teatro ou um filme de Hollywood. Mesmo não dando trela para essas coisas absurdas, pois como um profissional da comunicação não posso ficar alheio a uma notícia catastrófica dessas, até para dar ou desmenti-la em primeira mão, me preocupo em analisar.

Mas, seguindo a sabedoria popular “fica o dito pelo não dito”, fico com o pé atrás e costumo observar, em campo, essas notícias, menos pelo cunho profético e mais pelas modificações no meio ambiente. Não precisa muito esforço para constatarmos as mudanças, sentidas em todo o mundo, principalmente no mar, nas matas, em nossos rios e no ar que respiramos.

Recordo-me bem de um Festival do Caranguejo realizado em Canavieiras no ano 2000, quando num seminário sobre o futuro dos nossos gostosos crustáceos, uma especialista sergipana, a quem denominamos à época de caranguejóloga, que vaticinou o fim da ilha da Atalaia. E mais, a competente cientista sergipana teria concedido o prazo de apenas 20 anos para que a famosa ilha fosse coberta pelas águas do mar, até chegar ao rio Pardo.

Como o prazo está vencendo, nas minhas caminhadas matinais pela praia da Costa fico a observar os sinais, principalmente pelas barrancas de areia junto à avenida Beira-mar. Nada preocupante, diria qualquer cientista, mas, aos poucos, dá pra verificar que as águas do mar estão fazendo uma “viagem” maior do que antes. Em alguns locais os precavidos proprietários de casas, sítios e cabanas já construíram barreiras para evitar o avanço das águas provocados pelas marés maiores.

Juro que não sou bom de cálculos que envolvam física e matemática, mas já dá pra ver a olhos nus, como diz o ditado popular. Daí que fico pensando no que poderão acontecer nesses dois anos e pouco que ainda faltam para completar o vaticinado pela nossa competente caranguejóloga sergipana. Como um homem prevenido vale por dois, acredito ser chegado o momento para observações e estudos científicos sobre nossa costa.

E digo isso com base no que está acontecendo no litoral próximo a Canavieiras, a exemplo de Ilhéus, ao norte, e Belmonte logo ao sul, sem falarmos em outras praias um pouco mais distantes. A atividade econômica praiana em Belmonte já corre perigo e os turistas se queixam de não ter uma cabana à beira-mar onde beber uma cerveja bem gelada, devidamente acompanhado de um peixe-frito, camarão pistola ou outro fruto do mar.

Em Ilhéus, algumas das cabanas mais conhecidas e conceituadas do litoral sul já começaram a recuar, dado o grande avanço das marés, o que era considerado apenas um costume do mar nas praias mais ao norte, como nos bairros de São Domingos e São Miguel. Creio que desta vez a culpa não seja creditada apenas à construção do espigão do porto do Malhado.

Não tomem essas mal traçadas linhas como um estudo abalizado e de cunho científico, mas é de bom alvitre pensar nas consequências que poderão advir da má utilização dos nossos recursos ambientais. O fato é que os pilotos de lanchas que fazem o trajeto Canavieiras a Belmonte pelos canais do imenso manguezal encontram inúmeras dificuldades para fazer o percurso nas marés baixas, situação que a cada dia se agrava.

Se realmente é verdade que o aquecimento global elevará a água do mar, encobrindo ilhas e mangues até chegar a terra firme, teremos que nos precaver e tomar todas as medidas cabíveis. Com isso, restabeleceremos nosso meio ambiente e nos livraremos dos anúncios de fim do mundo, ditos repetidamente pelos falsos e agourentos profetas, sem falarmos nos ecochatos.

Mesmo sendo uma pessoa totalmente desinformada sobre um assunto tão essencial para nossa vida, acredito que, pelo menos em Canavieiras, esse problema poderá ser resolvido, haja vista que nossas praias agora têm a gestão municipal e políticas públicas serão elaboradas com essa finalidade. De início, pelo que soube, o aquecimento global será evitado após a edição de um decreto municipal proibindo o uso de churrasqueiras nas praias pelos nossos desavisados banhistas farofeiros.

Esta decisão muito me alegra, pois nos encontramos no caminho certo. Agora vai!

Radialista, jornalista e advogado.


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