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1 18/12/2018 16:00

O Brasil tem um modelo considerado exemplar quando o assunto é calendário de vacinação, mas a oferta de vacinas no SUS (Sistema Único de Saúde) não tem sido suficiente para garantir a taxa desejável de cobertura vacinal da população.

Por causa disso, em 2017 o País teve o menor índice de vacinação em crianças menores de um ano em 16 anos. Todas as vacinas recomendadas para adultos estão abaixo da meta de cobertura ideal.

Além disso, até dezembro de 2018, o País registrou mais de 10 mil casos de sarampo. A doença estava erradicada no Brasil, mas a importação do vírus vindo da Venezuela provocou dois surtos: um no Amazonas e outro em Roraima. Se até fevereiro de 2019 o País ainda tiver novos casos, pode perder o certificado de erradicação da doença concedido pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Gastos com campanhas

O site G1 pediu ao Ministério da Saúde o histórico de gastos com campanhas nos últimos dez anos, mas a pasta alegou não ter sistema que pudesse buscar os dados no período entre 2008 e 2014, atendendo o pedido da reportagem apenas parcialmente.

Foi questionado ainda sobre o quanto é gasto especificamente com veiculação em campanhas de TV, banners e internet. O ministério não especificou quanto é destinado para cada um.

Os investimentos em campanhas de vacinação como um todo evoluíram entre 2015 e 2018. Até o final de 2018, os gastos com campanhas de vacinação chegarão ao patamar de R$ 58 milhões, maior valor em quatro anos. Em 2015, por exemplo, foram gastos mais R$ 33 milhões entre campanha de multivacinação e específicas, como contra o HPV.

Este ano, mais de R$ 20 milhões foram destinados apenas para campanha conjunta de poliomielite e sarampo que já estava prevista como parte do que o ministério chama de “campanha de seguimento”.

Este tipo de campanha acontece em média a cada três ou cinco anos, para reforçar a proteção das crianças contra as doenças e manter o Brasil sem transmissão disseminada dos vírus. É por isso que a cada ano, as campanhas tem um foco e um calendário diferente. Em 2017, por exemplo, não houve campanha específica para sarampo e poliomelite.

A campanha de 2018 já estava nos planos mesmo antes dos surtos em Roraima e no Amazonas. Segundo o Ministério da Saúde, nas regiões mais afetadas a vacinação foi apenas adiantada.

Para Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, a vacinação de forma geral tem que ser feita rotineiramente, seguindo o calendário adequado para cada fase da vida.

“As campanhas que a gente faz periodicamente tem alguns intuitos e o calendário vacinal, seja da criança, do adolescente ou do adulto, não deve viver de campanhas. Se não, a gente faria uma campanha para sarampo, uma para pólio, outra para meningite. E a gente ia ter campanha a cada quinze dias e esse tipo de estratégia não funciona”, explicou.

Cobertura vacinal baixa

Em 2018, a campanha de vacinação de crianças de um a cinco anos de idade contra sarampo e pólio atingiu a meta de 95% após prorrogação, mas a cobertura em adultos continua abaixo da meta. O mesmo vale para a cobertura acumulada de outras vacinas importantes.

Na tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), por exemplo, a taxa de cobertura é baixíssima: 4,7% no acumulado entre 1994 e 2018. A meta é 95%. Para Kfouri, o surto de sarampo está diretamente associado aos números ruins na cobertura vacinal.

“A nossa última epidemia foi no Ceará em 2016. Foi no encerramento dessa epidemia que recebemos a certificação da eliminação do vírus. Essa era a nossa situação até o surto na Venezuela e a migração na nossa fronteira em Roraima primeiro e depois no Amazonas”.

“A cobertura vacinal não estava adequada, indivíduos da Venezuela com sarampo, encontraram vários suscetíveis. Isso reflete a nossa baixa cobertura e não é culpa dos venezuelanos, se fosse um italiano, um russo ou americano. A responsabilidade é nossa que não estávamos devidamente vacinados”, disse Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização.

Produção e distribuição de vacinas

Atualmente, o Brasil produz as vacinas de sarampo e poliomielite que usa na instituição Biomanguinhos/Fiocruz. Segundo o Ministério da Saúde, não há problema de desabastecimento nos postos de saúde, mas a distribuição fica a cargo dos governos estaduais e municipais. Os números não são regulares. Ao longo dos anos, houve oscilação nas quantidades de doses anuais recebidas pelos Estados.

G1







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