Notícias

1 01/05/2024 14:22

A China é a grande compradora dos jumentos da Bahia. Uma peça de couro pode ser vendida por cerca de 4 mil dólares no país. A pele dos animais é utilizada para a produção do eijao - produto amplamente utilizado na medicina tradicional asiática. O ‘elixir’ faz parte do tratamento de problemas de saúde que vão desde anemia até impotência sexual. O eijãoo é obtido através da fervura da pele do jumento. Além disso, a carne é enviada para o Vietnã, para consumo.

Segundo o Censo Agropecuário de 2017, a Bahia tinha 93.154 jumentos - o maior rebanho do Brasil. Eles estavam espalhados em 63.365 estabelecimentos, ainda segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados não incluem os animais soltos que, se somados, podem chegar a 400 mil, segundo estimativas de ativistas. Apenas entre outubro de 2021 e setembro de 2023, cerca de 71 mil jumentos foram abatidos na Bahia, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Hoje, apenas uma empresa, localizada em Amargosa, realiza a prática no estado. Trata-se da Frinordeste (Nordeste Pecuária, Indústria e Comércio Ltda).

Jumentos estão ameaçados de extinção

Ele compara o abate de jumentos aos de outras espécies. “Vejo [o abate de jumentos] como uma atividade normal de produção. Vai proibir abater frango e vaca? Existe uma questão legal e a Adab tem a obrigação de regulamentar o que é legal”, completa Carlos Augusto.

A Justiça proibiu, em caráter liminar, o abate de jumentos em frigoríficos na Bahia em 2018, após uma ação civil pública movida por cinco entidades de defesa dos animais. Na época, 200 animais foram encontrados mortos em uma fazenda em Itapetinga, no interior do estado. O Tribunal Regional Federal (TRF) voltou a autorizar a prática no ano seguinte.

Até chegarem ao frigorífico, os jumentos são comprados de pequenos produtores ou capturados quando estão nas ruas. “A compra acontece em diversos municípios do Nordeste e os animais são trazidos para o abate na Bahia. Há relatos de viagens longas, de mais de oito horas, em que os animais acabam morrendo”, explica a zootecnista Chiara Albano, professora da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal da Bahia.

Ela explica que, apesar de autorizado por lei, o abate de jumentos não possui uma cadeia produtiva bem delimitada, como acontece com o gado, por exemplo. “Hoje, a análise é que eles estão em extinção”, completa. Uma petição que reúne cerca de 35 mil assinaturas pede o fim do abate.

Em 2020, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia (CRMV-BA) publicou uma nota técnica em que chama atenção para as evidências de sofrimento pré-abate e lesões típicas de mormo.

A doença de mormo é uma zoonose letal, que pode ser transmitida aos humanos através do contato com animais infectados. “Recolher animais sem conhecimento sobre a origem deles e sem um controle sanitário efetivo, é um risco para o espalhamento da doença”, esclarece Chiara Albano.

A fiscalização dos processos que compõem o abate dos animais é de competência das esferas estadual e federal. A Adab, vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), inspeciona os locais onde os jumentos ficam armazenados e o transporte. O Ministério da Agricultura e Pecuária fiscaliza os frigoríficos.

Em novembro de 2020, quatro anos após a regulamentação do abate no Brasil, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia estabeleceu regras para a atividade no estado, por meio da Portaria 13/2020. A regulamentação determina que apenas jumentos acima de 90 quilos podem ser abatidos, com limitação de até 40% do número de fêmeas. Além disso, as fêmeas no terço final da gestação devem ser preservadas.

*Correio







Av. Rio Branco, nº 741- Centro - Canavieiras/BA. CEP - 45.860-000
Tel.: (73) 3284-3905 - A Rádio que você ouve, a rádio que você FAZ!
© 2010 - Rádio Costa Sul FM - Todos os direitos reservados.