Cientistas brasileiros anunciarão nesta quinta-feira (13) em sessão da Academia Nacional de Medicina uma nova descoberta. Cavalos receberam a proteína Spike do Sars CoV-2, responsável por infecção das células humanas, e desenvolveram um anticorpo neutralizante 20 a 50 vezes mais potente contra a Covid-19.
Jerson Lima Silva, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), e Adilson Stolet, médico e presidente do Instituto Vital Brazil (IVB), entraram com o pedido de patente da tecnologia.
O pesquisador da UFRJ disse que o próximo passo será a aprovação dos estudos clínicos, os testes em humanos, para averiguar a segurança de um tratamento sorológico contra a Covid-19. Ele disse que está em contato com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e explicou que a potência 50 vezes maior do anticorpo dos cavalos é um número conservador.
O estudo:
O coronavírus tem uma proteína em forma de coroa, a Spike. É por meio dela que o vírus se liga aos receptores das células humanas para se multiplicar;
O Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) produziu uma proteína igual à do Sars CoV-2 e participou da pesquisa;
Os especialistas do IVB inocularam apenas a proteína nos cavalos – que gera uma resposta imunológica, mas não deixa que o vírus infecte os animais;
Foram feitas 6 aplicações nos animais e os pesquisadores acompanharam a produção de anticorpos semanalmente;
Foi retirado o sangue dos cavalos e foi purificado até isolar apenas o anticorpo, em um produto pronto para fazer soroterapia em humanos;
A pesquisa está em fase de pré-impressão, divulgada em uma plataforma de estudos científicos, mas ainda sem publicação por revistas e revisão dos pares.
Este tipo de terapia com sorologia é usado há décadas em doenças como a raiva, o tétano e picadas de abelhas e cobras. De acordo com Silva, ainda é preciso responder qual é a melhor fase da infecção do coronavírus para a aplicação dos anticorpos neutralizantes em humanos, mas ele acredita que será em pacientes moderados e hospitalizados.
"Qual é a vantagem dos cavalos? Por exemplo, no caso de raiva, um só um cavalo produz 600 ampolas da imunoglobulina para tratamento", disse.
O pesquisador também adianta que os testes clínicos poderão ser feitos em parceria com o Instituto D’Or, que hoje lidera as pesquisas da vacina contra o coronavírus da AstraZeneca e da Universidade de Oxford no Rio de Janeiro.
O estudo foi financiado pela Faperj, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Fonte:G1