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1 16/07/2018 15:11

Demos adeus à Copa do Mundo disputada na Rússia como já fizemos em outras oportunidades. Como sempre, pisando na bola, um erro imperdoável no futebol, principalmente para profissionais que ganham mundo e fundos para praticar o nobre esporte bretão, como diziam os cronistas esportivos de antão. É um sinal que o futebol não é levado a sério, como antes, daquele tempo da “pátria de chuteiras”.

Que me lembre, apenas uma vez a Seleção Brasileira (esta, maiúscula) deu adeus a um mundial sem pisar na bola. Foi nos tempos de Telé Santana, nos idos de 1982, na Espanha, quando fomos eliminados pela Itália, com três gols marcados pelo carrasco Paolo Rossi, contra dois marcados pelo escrete canarinho, marcados pelos craques Sócrates e Falcão.

Nessa época, não discutíamos hombridade, vaidades, excentricidades, e sim o futebol que jogávamos. Tanto era assim, que a maior discussão entre os mais de 100 milhões de torcedores era se Telé Santana deveria convocar e jogar com ponteiros natos. Todos jogavam com seriedade, proporcionando um espetáculo para os torcedores, mesmo ao perder uma partida.

Mas hoje os tempos são outros e os convocados para a seleção brasileira (esta, minúscula) obedecem a critérios outros, a exemplo de onde jogam e quem são os seus gabaritados agentes. Os técnicos não têm mais a liberdade de decidir com suas comissões quais os atletas que serão convocados e poder explicar o motivo de não levar outros tantos craques que não teriam essa oportunidade, como João Saldanha, em 1970.

Saldanha saiu da seleção, conforme determinou o presidente da República, mas não convocou jogadores que não teriam gabarito ideal para integrar o conceituado elenco que se tornou tricampeão mundial no México. Saiu o João Saldanha, entrou o Zagallo e a base da seleção continuou a mesma, embora os “afilhados” do presidente tenham entrado por baixo da cerca.

Hoje, entretanto, a grande discussão é quem será o treinador da futura seleção, se o que foi derrotado ou outro que apareça melhor aos olhos dos dirigentes da trista e cabisbaixa Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, de triste memória. E nessa discussão sequer é lembrada a contaminação, em todos os sentidos e direções que sofre a maior entidade do futebol.

Se pensar assim é ser saudosista, me inclua nesse time. Nos anos em que a Seleção Brasileira arrebatou o “caneco”, tanto o derretido pelos ladrões (Taça Jules Rimet), como a nova, o que importava era o elenco, não o treinador. Em 1958, Vicente Feola (que não era chamado de professor) passava grande parte do seu tempo dormindo no banco de reservas, enquanto nos craques resolviam a parada nas quatro linhas.

Em 1962, pouca diferença na seleção, entre elas a entrada do técnico Aymoré Moreira, em substituição a Feola, com problemas de saúde. Treinador novo, craques antigos, mesclado com a convocação de jogadores da melhor qualidade, a exemplo de Amarildo, que entrou no lugar de Pelé, contundido, e arrebentou nos gramados chilenos. Os experientes Nílton Santos e Didi orientavam os mais novos, quase todos do Botafogo e Santos.

Exemplos como esses, mesmos simplórios, nos mostram que estamos no caminho errado, ou melhor, desprezamos a estrada principal para tomar um atalho de incertezas, o onde futebol é apenas um detalhe. E digo isso olhando para as fotos das equipes campeãs, nas quais o brilho dos olhos e a alegria estampada nos rostos dos jogadores demonstram o espírito em que estavam imbuídos.

Seriedade é o mínimo que se pede aos nababos do futebol. Não aquela estampada nos rostos sisudos ao descerem do ônibus, com os ouvidos tapados por fones das mais caras marcas, mas a de defender o Brasil nas “quatro linhas”. Na verdade, apesar de cobrar dos jogadores, acredito que culpa maior deverá ser creditada à comissão técnica, a partir dos dirigentes, pois, afinal, ninguém pode dar mais do que tem.

Pelo que vi, não sei se o defeito era do meu aparelho de TV, meu (por não ter sido um grande jogador de futebol), mas continuo duvidando dos representantes da grande mídia esportiva sobre a grandeza do time. Temos – e no Brasil – jogadores de melhor qualidade técnica e física, todos com capacidade de assimilar jogadas ensaiadas para chegarmos ao gol do adversário.

A mediocridade das seleções que participam da copa da Rússia é fato, porém o que mais chamou a atenção do mundo foi o descompromisso dos atletas brasileiros, donos de suas posições, sem receio de qualquer concorrência. O cai-cai de Neimar corre o mundo nas gravações e animações, numa prova do estrelismo reinante, ao contrário do que acontecia em outras seleções, em que o esforço compensava a falta de habilidade.

E o futebol europeu nos deu uma clara demonstração de que o futebol é um misto de habilidade e determinação. Chega do joguinho do tipo enceradeira, que não saia do lugar, além de totalmente improdutivo. Viva a Croácia, viva a França, que souberam renovaram sua seleção, a partir dos dirigentes, passando pelos jogadores. E o resultado não poderia ter sido outro. Campeão!

Enquanto isso, vamos torcer para que sejamos aprovados nas eliminatórias e tentar buscar o hexa no Catar. É a nossa triste sina.

Radialista, jornalista e advogado


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 Penso Assim - por Walmir Rosário 






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