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1 31/07/2018 14:14

Já vi tudo! Os cuidadores de Neymar tentaram consertar o que não se conserta e, mais uma vez, deu tudo errado na imagem do jogador, embora as mudanças negativas ainda não tenham chegado na sua conta bancária, assim espero. Mas, caso continue com essa ideia burra de se mostrar um coitadinho, os reflexos serão “maligrinos” como dizia aquele personagem de Chico Anísio, o Vampiro Brasileiro.

Confesso que não entendi nada, quanto à mensagem dos seus homens de marketing, que devem cobrar os olhos da cara para mostrar nosso jogador (melhor da seleção...será?) junto a uma conhecida, tradicional e poderosa marca de produtos de barbear: Gillette. Primeiro, um comercial num dos horários mais caros da televisão brasileira, sem qualquer pretensão de vender uma simples lâmina ou espuma de barbear, tudo por R$ 1 milhão.

Pelos meus parcos conhecimentos na área do marketing, publicidade e propaganda (apesar das diversas incursões que fiz, por anos a fio), essa peça é a antipropaganda, que somente é veiculada para promover mudanças nos hábitos, a exemplo de mostrar os males do cigarro no organismo humano e diminuir as vendas. Esse pequeno exemplo serve como uma boa comparação do que se deve ou não fazer.

Já que estamos no Sul da Bahia, duvido que os mestres Cristóvão Colombo Crispim de Carvalho (chamado carinhosamente de CCCC) aprovasse tal ideia, quanto mais a veiculação de tresloucado vídeo comercial. A mesma ação posso creditar ao conhecimento do nosso não menos saudoso Vili Modesto, ases da propaganda itabunense, a partir dos anos 1960, que conceberam e realizaram campanhas memoráveis.

Posso assegurar, mesmo sem a emoção de quem viu o vídeo no momento de sua exibição no programa Fantástico, da Rede Globo, que o efeito deve ter sido contrário, por ainda estarem frescas na memória dos brasileiros as fantásticas quedas do Neymar durante a Copa da Rússia. Se essas quedas foram ridículas em campo, imaginem as absurdas explicações na telinha, na tentativa de justificar o injustificável.

Esqueceram os marqueteiros de Neymar e da Gillette, o enorme poder das redes sociais e suas prontas respostas – muitas delas deseducadas e impublicáveis, é verdade –, uma enormidade delas antes proibidas nas reuniões familiares. A imagem do menino coitadinho de 26 anos não lhe fez bem, pois Neymar sempre se coloca acima do bem e do mal, ficando, distanciado da torcida patuleia torcida, acostumada a cobrar jogadas fenomenais e mais gols.

O Neymar que a torcida quer não é aquele das redes sociais, inatingíveis para todos e bem chegado a alguns. Os torcedores (entre os quais me incluo, mas sem aquela emoção de outrora) não querem o Neymar das baladas, dos sambinhas e das festas regadas a bebidas caríssimas; dos cortes de cabelo inusitados e de suas “corte imperial” na mansão de Mangaratiba e nos riquíssimos iates nas baias de Ilha Grande e Angra dos Reis.

É que a torcida patuleia já se acostumou a um menino de 18 anos (quando os tempos e o conhecimento eram outros) chamado Pelé, que estreou na Copa do Mundo da Suécia, em 1958, pulando para não sofrer as faltas dos adversários. A torcida patuleia ainda lembra e comemora a entrada de Amarildo (o Possesso), com apenas 22 anos, na Copa do Chile, em 1962, com a responsabilidade de substituir Pelé, o rei do futebol.

Nenhum dos dois deram qualquer vexame, ao contrário, exerceram o seu compromisso profissional como qualquer operário num chão de fábrica, como mais um na linha de produção, colaborando na elaboração de um produto de primeira, sem qualquer defeito. Esses dois exemplos que dei acima entraram em campo para cumprir sua missão de jogar bola, jogar bem, jogar para ganhar, pois acima de tudo defendiam o seu país.

Nada contra Neymar ser milionário, acumular cada vez mais fortunas, e gastá-las como quiser, afinal, sempre trabalhamos para nos manter, sem a vergonha de ser feliz com o dinheiro no bolso ou no banco, desde que ganho de maneira honesta. Ganhe seu dinheiro para ter uma vida de playboy, como se dizia antigamente, cometendo todas as extravagâncias possíveis e imagináveis, desde que não comprometa sua atuação em campo.

A torcida patuleia não lhe pede nada que não possa cumprir. Quer apenas uma contraprestação do jogador Neymar, em campo, à régia remuneração que o mesmo Neymar recebe dos clubes para os quais trabalha, ou nesse caso, a seleção brasileira. Não culpe a imprensa pelos insucessos e excessos cometidos, pois ela é a mesma que torce e deita elogios (muitas vezes exagerados) quando das suas boas atuações.

Há muito deixei de fazer barba, prefiro crescida e aparente (não dá trabalho constante e o custo é bem menor), do contrário não compraria qualquer produto da poderosa multinacional Gillette, pois não fui convencido pela sua infeliz porém riquíssima peroração no vídeo comercial. Como não esquecemos a filosofia popular, “para que usar gilete se o uso correto é de óleo de peroba?”.

Radialista, jornalista e advogado.


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 Penso Assim - por Walmir Rosário 






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