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1 29/04/2020 10:18

A cada dia cresce em todo o mundo a crença nos conhecimentos indígenas, repassados de pajé para pajé per omnia saecula saeculorum e de há algum tempo repassado para os alienígenas que se aventuram nas selvas em busca de novos conhecimentos. Os naturebas tecem loas a esses conhecimentos tidos e havidos como a mais pura ciência para os males do corpo, incluindo aí de contrapeso o Covid-19.

Pelo que comentam, a beberagem apresentada na pajelança é tiro e queda e não há vírus que resista aos receituários aviados pelo conceituado fármaco naturalista Índio (como é conhecido Osman Mendes). Tanto é assim, que de simples e singelo raizeiro já ganhou status e clientela e agora atende pelo pomposo título de Indian personal health (antes também era grafada a palavra protection), retirada por conveniência.

Mas pergunta o leitor: Qual a utilidade científica desse Índio? Respondo: A manufatura de beberagens que aumentam a imunidade dos pacientes, repelindo o Covid-19 para o seu lugar de nascença, a China. E digo mais, em Itabuna, principalmente no bairro Conceição já são dezenas de pessoas atestadas como imunes ao vírus, numa contradição ao que acontece em outros bairros, cheios de infectados.

A receita até parece uma garrafada simplória, daquelas que são vendidas pelos propagandistas nas feiras do interior, que carregam uma cobra e dão saltos mortais para entreter o distinto público. Mas a do Índio é garantida. São folhas, cascas e frutos curados na melhor destilada de Itarantim, a exemplo de catinga de porco, pra tudo, pau-de-resposta, pau-de-sapo, Dr. Imbira, pau-de-rato”, milome, carqueja, catuaba”, angico, e jatobá.

Não pense o prezado leitor que basta misturar a cachaça e as folhas para que se transformem em um santo remédio. O segredo é um preparado (ingrediente secreto) trazido por Índio das matas de Olivença, de onde é natural. É tiro e queda. Só o empresário do ramo de seguros Gilson Pereira adquiriu 40 litros das mais variadas – a preço astronômico, dizem – para se servir com os amigos.

Pelas pesquisas feitas pelos grupos organizados pelo mestre Gilson, não há a que se compare ao jatobá, nem mesmo as preparadas antigamente pelo saudoso Dortas (José Lins Andrade), na esquina do Calçadão da Ruy Barbosa com o Beco do Fuxico. No passado utilizada pelos indígenas em momentos de meditação, o jatobá, rico em ferro, é cura garantida para câncer, anemia e todos os tipos de enfermidades pulmonares, daí ser tiro e queda para o tal do Covid-19.

Eu acho que além dos remédios fabricados pelo Indian personal health mereceria estudo mais abalizado pelas autoridades desse Brasil o próprio pajé, homem de conhecimento sagrado e da cultura medicinal da floresta. Pela minha superficial análise, a providencial mudança dele para o convívio dos alienígenas brancos, negros, mulatos e amarelos poderá ser a salvação da humanidade, infestadas por doenças criadas como armas biológicas.

Hoje reconheço e tiro o chapéu para o Dr. José Augusto Ferreira, autor da transferência de habitat do Índio de Águas de Olivença, que ameaçava invadir sua residência de verão. Como a ameaça não se concretizou, se transformou no personal Indian do ilustre advogado, que agora compartilha o feliz achado com os amigos cara pálidas mais chegados, para o alívio da Funai e protecionistas de plantão.

Após uma entrevista com três cobaias humanas me certifiquei de que o Brasil poderá dar uma enorme contribuição no tratamento de doença com produtos naturais, a exemplo da nossa boa cachaça e a riquíssima flora. Para me convencer da eficácia dos medicamentos tentei fazer parte do grupo de pesquisa, porém não logrei êxito, haja vista a longa fila de espera de voluntários prontos para prestar um serviço altruísta.

Um desses voluntários é o empresário Ériston Nascimento, que se desloca de Canavieiras semanalmente para participar da pesquisa realizada pelo Indian personal health em parceria com o empresário Gilson e o mentor José Augusto. Pelo que observei, o aumento da imunidade com um remédio natural é melhor bem do que o internamento do paciente num leito caro de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Agora, com o decreto do prefeito de Canavieiras proibindo a entrada e saída das pessoas da cidade, para não prejudicar as pesquisas, o Índio terá que ingressar com uma ação de inconstitucionalidade no STF para garantir a continuidade dos estudos. Me deu até saudade dos velhos tempos de Dortas, quando chegava e ainda na porta solicitava: Me serve uma jatobilha aí! E eu nem imaginava que estava tomando remédio.

*Radialista, jornalista e advogado.

 

 

 

 


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