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1 03/05/2020 11:31

Neste domingo (3) cedo, como sempre faço todos os dias, dou uma olhada nos meios de comunicação para me situar das notícias da atualidade. Embora não encontre muita variedade, me detenho nas atrocidades cometidas em nome do Covid-19, presença obrigatória em portais e blogs. Fiquei intrigado ao ler no Blog do Gusmão. “Marão não fechou a Central de Abastecimento, mas vai reabrir.

Como assim? Pensei se tratar de um cochilo do editor com a intrincada língua portuguesa e logo veio em minha mente caso parecido acontecido em Portugal com o Pós Doutor em Letras Vernáculas, Jorge de Souza Araujo (sem o u acentuado), quando pesquisava para escrever o livro “Perfil do leitor colonial”. Num sábado, ao jantar num restaurante, gostou tanto da comida que perguntou se fechavam aos domingos, no que foi informado que não.

No domingo, já salivando o prato que se deliciaria, volta ao restaurante e dá de cara com as portas hermeticamente fechadas. Com perdão da palavra, nosso professor ficou puto da vida, xingou o garçom que lhe prestara a informação e voltou na segunda-feira para tirar satisfações. Cumprimentou-o e prestou sua queixa demonstrando insatisfação:

– Me dissestes que não fecharias ontem e dei uma viagem perdida, reclamou.

– O senhor estás enganado, ontem não fechamos, sequer abrimos, respondeu o garçom.

Após esses prolegômenos, retomamos o assunto que chamou a atenção de Ilhéus e do mundo, haja vista sua repercussão nos meios de comunicação, incluindo, aí, por ser verdadeira, as redes sociais. Como disse o repórter Emílio Gusmão, ao chegarem no sábado (2) para trabalhar encontraram a Central de Abastecimento do Malhado lacrada, com os cadeados hermeticamente fechados pelos prepostos de Rui Costa.

Imediatamente organizaram um protesto e partiram para a frente dos supermercados que se encontravam com as portas totalmente escancaradas e repletos de clientes comprando do bom e do melhor. Chega a Polícia Militar para acalmar os ânimos e recolher os recalcitrantes, negociam chamam propostos da prefeitura e o prefeito, que não tinha se sensibilizado com a organização da Central, embora de sua alçada, promete reabrir no domingo.

De repente, como num passe de mágica, “foi preciso que o Estado agisse, para que Marão tomasse uma atitude, tardia, como é de amplo conhecimento”, como disse Gusmão. E ainda por cima arrematou: “Depois de muita confusão e protesto, a prefeitura vai doar 150 novas barracas para os feirantes do Malhado e entregar equipamentos de proteção individual”.

Como bom observador da política e costumes ilheenses, são por essas e outras que a língua afiada do repórter Emílio Gusmão não deixa pra depois e costuma dizer que nos tempos atuais – nesses quatro anos – o verdadeiro prefeito de Ilhéus tem sido o governador Rui Costa. E o Gusmão ainda foi réu em ações judiciais por dizer que Marão teria terceirizado a administração municipal para um supersecretário.

Salta às vistas a apatia e insegurança de Marão em prefeiturar nos moldes e conformidade em que foi sufragado nas urnas pelos ilheenses. Como exemplo cristalino a demora em tomar as medidas adequadas e requeridas para o enfrentamento do Covid-19, embora contasse com a colaboração de instituições representativas da sociedade civil organizada, a exemplo das empresariais, clubes de serviço, maçonarias, dentre outras.

E esse imobilismo foi fatal para o recrudescimento do espalhamento e contágio do vírus em Ilhéus, com o agravante de recepcionar pacientes acometidos da doença de diversos municípios circunvizinhos. Como um menino birrento, somente passou a se reunir com as instituições após o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, Valderico Júnior, passar a presidência da entidade para outro diretor, com a finalidade de abrir o diálogo nas ações de combate ao Coronavírus.

Enquanto fuxicos criem cismas a população de Ilhéus sofre com a falta de ação ou o retardamento delas, angustiando os menos aquinhoados financeiramente, sem os requisitos econômicos de ficar em casa, como mandam. Questiúnculas à parte, Ilhéus – e sua inseparável parceira e vizinha Itabuna – se torna manchetes nos jornais por se tornar a cidade onde o Covid-19 se encontra em ascensão, enquanto outras se restabelecem.

Alguma coisa errada existe. E como existe!

*Radialista, jornalista e advogado


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