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1 29/08/2017 13:52

Cada vez mais a sociedade tem medo de tudo e de todos. O que antes víamos apenas na televisão já faz parte do nosso dia a dia e algumas pessoas nem se importam mais com as mortes. Elas (as mortes) fazem parte do nosso cotidiano, queiramos ou não, e a insegurança impera em Canavieiras e outras cidades como em qualquer morro do Rio de Janeiro ou o Haiti, após seus governos perderem os parâmetros de dignidade.

A Bahia, considerada em todo o país como a “boa terra” já é vista com restrições. E em Canavieiras, por exemplo, o bate-papo noturno nas calçadas, para aproveitar a brisa noturna e colocar os assuntos em dia, é visto com restrições. Volta e meia, na avenida mais movimentada, a Octávio Mangabeira, ou rua 13, como chamamos, os assaltos a aparelhos celulares e outros pertences são praticados a torto e a direito.

A sociedade organiza movimentos, mobiliza parte da população atingida, para a felicidade de alguns políticos que sabem muito bem utilizar esses eventos como palanques gratuitos de promoção. As autoridades policiais, o Ministério Público e o Poder Judiciário apenas olham e dizem que nunca se combateu a violência como agora. Mostram dados que só eles têm conhecimento. E fica tudo como dantes.

Por fora, circulam com desfaçatez as organizações não-governamentais e pastorais travestidas de defensores dos direitos humanos. Mas agem numa só via, a “defesa dos coitadinhos” dos bandidos, sem se incomodar com os cidadãos que trabalham e custeiam a máquina estatal. Essas organizações recebem dinheiro de instituições internacionais para fomentar a chegada dos partidos antes de esquerda ao poder, criando um clima de instabilidade política e social. É o Brasil dos expertos contra o Brasil que trabalha.

E a violência não tem dado trégua à sociedade. Se na zona urbana a insegurança recrudesce a cada dia, na zona rural não tem sido diferente. Morar longe da movimentada cidade, especialmente num sítio com paisagem bucólica, já não é a opção para milhares de pessoas residentes nas grandes capitais, a exemplo do Rio de Janeiro e São Paulo. Nem mesmo aqui.

O que antes parecia uma excentricidade tornou-se uma temeridade, haja vista a falta de segurança dos arredores da cidade, onde o Estado não dispõe de qualquer representante. Hoje, os sítios e grandes fazendas, principalmente as que os proprietários ali residem, são o alvo preferido pelos ladrões. Além dos prejuízos materiais, ainda há o risco moral, pois todas as atrocidades são praticadas contra as famílias.

Longe de mim ser um arauto do medo e do terror, mas estou falando com a triste experiência que tive a 20 metros de casa, quando fui abordado por dois indivíduos que queriam o aparelho celular. De armas na cintura, como toda a pressa pedem o aparelho, antes que se enervem e resolva tirar nossa vida. Assim, de forma tão barata, passam o produto do roubo adiante, trocado por algumas pedras de crack ou gramas de cocaína.

Valor algum tem a vida, que já foi considerada o maior bem do homem. Enquanto para alguns cidadãos (de bem, é claro) ainda são, para os bandidos pouco vale, pois os traficantes somente aceitam como pagamento dinheiro em espécie ou objetos de fácil circulação. É o que diz a lei do crime instituída pelos novos mandatários das cidades brasileiras, sob o complacente olhar das autoridades.

A confusão em torno do combate ao crime é tão grande que estamos acostumados a ver vídeos publicados por policiais militares e civis reclamando da impotência das instituições em relação aos bandidos. É a lei, dizem delegados, promotores e juízes, que concedem liberdade todas as vezes que esses meliantes são presos e levados às delegacias e nas audiências de custódia.

Caso seja menor de 18 anos, é um assombro. Os jovens com físico de “guarda-roupas” debocham do policial assim que é rendido, evocando seus direitos legais contidos no Estatuto da Criança e Adolescente. Um verdadeiro escárnio para a sociedade que vive decentemente, trabalhando para pagar os impostos e manter os “mimos” a eles destinados pelo diploma legal.

Os menores, que antes eram utilizados pelos senhores absolutos do crime, hoje são quem dão as cartas, haja vista a experiência adquirida e a facilidade com que são liberados e voltam à delinquência. Os policiais sequer podem agir com o mesmo desforço para não serem denunciados como truculentos e sofrerem processos administrativos e policiais pelos excessos cometidos contra essas “criancinhas”

No Sul da Bahia, as fazendas de cacau são um verdadeiro “paraíso” para os assaltantes. Os furtos e roubos nas roças são praticados à calada da noite por todos os tipos de ladrões. Vemos na periferia das cidades amêndoas de cacau secando nos passeios e até mesmo no meio das ruas. Essas amêndoas, depois, são vendidas a “compradores” de cacau, que não exigem qualquer comprovante de sua procedência.

Já as quadrilhas estruturadas não querem ter trabalho com as operações de colheita e secagem e partem para o assalto do cacau seco, ainda nas barcaças ou nos armazéns das fazendas à espera de transporte. Fortemente armados, à noite, surpreendem administrador e trabalhadores e, após todo o tipo de violência física e moral, levam o cacau, café, gado (bovinos e ovinos) e o que mais for encontrado pela frente.

Aos poucos, estamos vendo como somos frágeis e estamos à mercê dos malfeitores, embora cumprimos religiosamente nossas obrigações com o Estado, pagando todos os impostos que nos apresentam. Fazemos a nossa parte, o Estado não cumpre a sua e relega ao “deus-dará” seus cidadãos, como se esses tivessem apenas deveres e direitos nenhum.

São as autoridades matando a “galinha dos ovos de ouro”. Matança essa iniciada com a lei que retirou o direito de autodefesa dos cidadãos brasileiros, tomando-lhes todas as armas que possuíam. Entretanto, não deu o mesmo tratamento aos bandidos, que ostentam fuzis e metralhadoras, cenas mostradas pelos canais de TV. Só os governos não enxergam, ou não fazem questão de observar.

Lembrai-vos da Venezuela! Lá, a ditadura começou assim!

Radialista, jornalista e advogado.


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 Penso Assim - por Walmir Rosário 






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