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1 24/08/2017 20:22

Atualmente, a maior falácia do Brasil é a tão falada reforma política. E não poderia ser diferente, pois a casta dominante em Brasília e que domina o Congresso Nacional – Senado e Câmara federais – e o Executivo não tomariam qualquer decisão contra o status quo em vigor. Poderíamos, ainda, incluir na casta dominante o Poder Judiciário, acostumado às benesses do poder, com ressalvas, é claro.

Esses senhores que escolhemos – muito mal – para nos representar não aceitam nos dar a contrapartida da representação, que seria trabalhar para colocar em vigor todas as promessas feitas durante as sucessivas campanhas eleitorais. Os deputados federais seriam, caso cumprissem o que prometeram, os representantes do povo; já os senadores seriam os representantes dos estados federativos, que em última instância teriam que promover a paz e o bem-estar social do seu povo.

Mas com a Lei de Defesa e Proteção ao Consumidor não tem o poder de penalizá-los, fica o dito em campanha pelo não dito após a posse, sem qualquer conotação de propaganda enganosa. Enfim, “esqueçam tudo que eu disse”, na péssima lição dada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC). Em outras palavras, o que eu digo não se escreve, conforme o ditado popular bastante conhecido pelos brasileiros bonzinhos.

Mas se o leitor acredita que os políticos são ruins, pense então na série de agremiações que os reúne para pedir o seu inocente voto e finalizar o contrato firmado com você logo após apurados os votos e empossados nos cargos. É assim que a banda toca nesse nosso Brasil, em que os partidos políticos se despiram das mais diferentes ideologias, logo após a queda do Muro de Berlim e a chegada de Lula à Presidência da República, com o propósito de nunca mais apear do poder.

Se os partidos estão desprovidos de ideologia, sobra neles o coronelismo atávico dos poderosos que os dominam com mãos de ferro para punir os inimigos ou membros mais afoitos que contrariem o escrito nas suas cartilhas. A dureza do tratamento com os subalternos, entretanto, não é a mesma quando tratam da benesses do poder, com a ocupação de cargos na estrutura administrativa do Estado e suas estatais.

Pelo contrário, a pose republicana passada nos discursos de palanque, emissoras de rádios, televisões e jornais se transforma em comportamento espúrio com a finalidade de tomar parte no rico botim do dinheiro público. Tudo feito à sorrelfa, no recôndito dos gabinetes palacianos, sem a presença de testemunhas indesejáveis. Farinha pouca, meu pirão primeiro, é o lema dos nossos bravos políticos.

Mas, e as reformas? Sinceramente, acredito até que eles pretendam implementá-las, mas ao jeito deles, ampliando a participação no combalido bolo de recursos públicos, cujo fermento é, em maior parte, o pagamento dos impostos pelos assalariados. Que venha o fundo de R$ 3,6 bilhões, associado às contribuições das empreiteiras, o caixa 2 e o roubo das estatais. Quanto mais, melhor.

E as reformas? Calma, que vamos promover mudanças profundas nos partidos políticos – simples associações necessárias para o registro de candidaturas –, promovendo a tão sonhada mudança nos nomes e suas siglas. Basta tirar o P – de partido – de algumas agremiações, acrescentar ou substituir nomes em outros e o eleitor ficará bastante satisfeito com as reformas.

Até que tem sentido, dirão eles, com a desculpa de que a exigência da legislação eleitoral da palavra partido como primeiro nome foi uma imposição dos militares durante o período da ditadura. À época, os militares insatisfeitos com o sucesso nas urnas do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) – uma espécie de “Arca de Noé” que abrigava políticos dos mais diversos matizes – sobre a Aliança Renovadora Nacional (Arena), que apoiava os governos militares, inventaram o P inicial como condição para o registro de partidos junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Agora, estimado eleitor, já que você se sente um perfeito idiota, me diga o que essa mudança de nome acrescentará na sua vida, no desenvolvimento do país, a não ser embaralhar, ainda mais, a cabeça do nosso povo? O que a palavra partido – ou a falta dela – influenciará na economia, no desenvolvimento social do nosso povo? Mais uma vez, nada, a não ser o engodo que deveremos deixar descer goela abaixo.

Mas, não ligue não! Já que estamos conscientes de que a política é arte de quem não presta, como dizemos normalmente, pelo menos não sentimos violência quando somos surrupiados de nossos bens materiais. Afinal, com a violência que impera hoje em dia, pelo menos seremos vítima de simples furto, sem a ameaça de revólver, e não de roubo dos bandidos que campeiam as ruas de nossas cidades, armados até os dentes.

Como parece que nos encontramos num beco sem qualquer saída, só nos resta escolher o tipo de violência que preferimos sofrer: a física e patrimonial ou a psicológica e moral. E depois não me digam que é por falta de opção.

*Radialista, jornalista e advogado.

 

 


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 Penso Assim - por Walmir Rosário 






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